Você já parou para pensar por quem você se deixa influenciar?
A quem você dá poder?
Há algum tempo tenho repensado sobre influenciadores(as) que sigo (ou seguia). Alguns(mas) deixei de seguir quando parei para analisar seus discursos x postura e não encontrei congruência. O discurso era bonito, o trabalho e aparência idem, mas a postura…
O “start” aconteceu quando eu seguia uma profissional maquiadora muito conhecida no mercado, proprietária de uma escola de maquiagem. Eu realmente gostava muito dela, cheguei até a fazer uma especialização em noivas com ela no começo da minha carreira. Acompanhando-a há anos pelas mídias sociais, seu discurso desde sempre foi (e é) muito lindo: empoderamento feminino, luta pelas minorias, valorização da mulher e etc.
Até que, em um dia qualquer, e sem nenhuma intenção escusa, eu questionei, como ex-aluna, a postura da escola e da profissional em validar um comportamento e discurso MUITO ANTIGO no mercado beauty – trabalhar de graça em na sua equipe em um desfile de moda. Nós precisamos falar abertamente sobre isso! Apresentar pontos de vistas, entender o mercado atual e definir perspectivas para o futuro. Mas a minha pergunta no post tinha o intuito bem mais simples que esse – eu escrevi: “De graça?”. Eis que resposta foi: “ganha-se a troca de experiência, networking, além da oportunidade de trabalhar comigo, estar na minha equipe.”
Sim, eu recebi esta resposta.
Confesso que me deu um mix de nó na garganta e dor de cabeça. Pensei: “Co-mo-as-sim? Mas cadê aquele discurso de valorização da mulher que você compartilha no seu Facebook? A valorização do profissional entra em qual parte do discurso de valorização da mulher? Chamar ex-alunos para trabalhar de graça em desfile, em troca do que minha gente?”
Sim, eu fiquei indignada.
Alguns defenderam a tal postura. E pra mim está tudo bem defender, pois acredito MUITO que cada um cria a sua própria realidade!
Mas veja, eu sinto muito se este for o seu caso, de defender e tals… mas eu preciso te alertar: o que você acredita ser o normal é uma história tão antiga, de uma prática de mercado de SPFW de 20 anos atrás, e que já deveria ter sido extinta, mas que infelizmente perpetua até hoje.
Preciso ressaltar que trabalhar na equipe X não paga o aluguel? Que o possível networking que te prometeram não paga o teu transporte para chegar na cliente amanhã? Também não paga material, nem curso em nenhuma escola, em especial esta, a mais cara? Preciso mesmo? A não ser que você seja ryyyyyca e banque tudinho do seu bolso, eu te peço que considere, no mínimo, refletir melhor a respeito.
Eu, Marcella, não pude me dar o luxo de aceitar gastar meu tempo trabalhando de graça, sem que minimamente eu tenha uma troca, seja produto, real visibilidade na mídia (e de preferência com o público-alvo que desejo atingir). E olha, estou aqui para te falar que, as poucas vezes que aceitei, não valeram o investimento. Sério.
Eu aprendi que vale mais a pena investir o meu tempo estudando estratégias de negócios até encontrar uma forma de trabalhar e monetizar do que arranjar desculpa mental do tipo: “estou em casa sem fazer nada mesmo, então vou ali trabalhar de graça.” Em casa sem fazer nada a pessoa fica se quiser. Essa é a real.
E foi então depois disso que eu comecei a refletir e validar sobre quem eu estava seguindo e dando poder. É preciso maior TRANSPARÊNCIA no mercado. E isso é pra ontem, é urgente! Se aqueles que escolhi como meus influenciadores são de fato profissionais que joga a favor, ou contra em detrimento ao todo, pensando apenas em si própria(o).
Desde o ocorrido, eu continuo acreditando que posturas como estas não devem ser perpetuadas e que, principalmente, quando partem de professores, devem ser olhadas com maior rigor por parte do mercado, já que estão aí para formar novos profissionais, que anseia ser MAIS VALORIZADO E ÉTICO. Decidi também que hoje somente dou poder de imagem, para profissionais da beleza que, como eu, possuem o genuíno desejo mudar este paradigma no Brasil.
Por mais influenciadores de beleza que desejam que mais e mais profissionais cresçam TAMBÉM, e tenham visibilidade comercial, com seus nomes/marcas na internet TAMBÉM, e ganhem dinheiro com isso TAMBÉM. Porque isso sim é valorizar e empoderar pessoas, além de ajudar a construir um mercado bem mais maduro e empático, como nos EUA.
Cabe a cada um de nós escolhermos darmos ou não vozes para estas pessoas.
Avalie a quem você dá poder de imagem.
E você, o que acha? Acredita que nós, profissionais, precisamos falar mais abertamente sobre este tema?
Um super beijo,